sábado, 6 de junho de 2009

Chile: 3 textos sobre a morte do companheiro que ia atacar a escola de polícia

Urgente! Morre companheiro que transportava um engenho explosivo

Por solidarixs anónimxs


Segundo a imprensa, cerca das 1h30 da madrugada de hoje, ouviu-se uma forte explosão nos arredores na Escola de Gendarmeria, situada na Avenida Matta, em Santiago. O indivíduo deslocava-se de bicicleta, no momento em que o engenho detonou, provocando a sua morte.

Lamentamos profundamente o sucedido, pela vida do companheiro e por quem o conhecia, mas também compreendemos que isto faz parte das consequências de se posicionar em conflito permanente com a autoridade, porque o companheiro caiu em combate, caiu num acto de valentia e convicção, é por isso que nos irmanamos com qualquer ataque contra o poder, e a morte do companheiro sentimo-la tal como é, a queda em combate de um irmão que, sem sequer termos partilhado um segundo de vida com ele, o sentimos próximo.

Seguramente, muitos ficaram contentes ao saber que o companheiro morreu ao transportar uma bomba, acreditando que com isto haverá um entrave nos ataque contra os poderosos; mas saibam que a solidariedade e os desejos de destruir o existente são mais fortes que qualquer adversidade, mais fortes que a prisão e mais fortes que a morte!

Solidariedade e insurreição!




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Editorial da publicação “Peste Negra”




Na madrugada de 22 de Maio, por volta da 1, um estrondo sacudiu a zona onde se encontra a escola de polícia. Durante a manipulação o mecanismo temporizador de um engenho explosivo, este explodiu, matando no momento o companheiro anarquista Maurício Morales. Supõe-se que o objectivo da acção era essa escola. Uma câmara de vigilância captou tudo. Ao que parece, com ele ia outro companheiro, o qual fugiu sem ser identificado, dado que seguia encapuçado. Após várias horas de investigação o corpo foi identificado e a polícia continua à procura do companheiro fugido.

No seguimento, a polícia invadiu duas casas ocupadas, “La Idea” e “Cueto con Andes”, detendo 9 companheiros, que actualmente se encontram em liberdade, não sem antes terem sido espancados. Tentaram também invadir o C.S.O. e a biblioteca Sacco e Vanzetti, mas a forte resistência das pessoas que se encontravam no edifício e de quem se encontrava na rua impediu a invasão. Após fortes distúrbios a polícia dispersou pela zona.

Também a casa dos pais de Maurício foi invadida e nela se fizeram buscas.

Obviamente, logo se formou um grande alarido mediático que se encarregou de criminalizar a acção do companheiro e dos grupos anarquistas e ocupas, além de “justificar” os despejos que se seguiram.

Apelamos à solidariedade com os companheiros detidos nestes raids e com todos os que serão perseguidos após estes acontecimentos, já que estamos à espera que se realizem os próximos movimentos policiais, dado sabermos que neste momento estão a ser investigadas supostas ligações de diferentes anarquistas com o sucedido, e que continuam as investigações que se estavam a levar a cabo pelos mais de 90 engenhos explosivos detonados desde 2004 em diferentes pontos da capital, em nunca se terem encontrado os autores dos actos.

O subsecretário do interior, Patricio Rosende, desse que neste caso há “uma ligação evidente om grupos anarquistas” e que, “sem qualquer dúvida”, isto contribuirá para que se esclareçam os acontecimentos deste tipo que se sucederam anteriormente.

O representante da Fiscalia Metropolitana Oriente (uma espécie de Ministério Público, n.t.), Mario Schilling, adiantou por seu turno que estavam a investigar, que aguardam novas informações das “diligências” que stão a realizar juntamente com os organismos de segurança.

Desde esta publicação queremos dar a conhecer tudo o que aconteceu desde momento em que o nosso companheiro Mauri faleceu, os raids que se seguiram, as detenções, o papel dos media e a situação actual em que se encontram os nossos companheiros, entendo que, sendo um meio escrito informação ficará desfasada e deveremos recorrer a outros meios, publicações que continuem a sair, páginas contrainformativas na internet e informações que nos passam chegar desde lá. Assim, pedimos a todos os companheiros que se mantenham atentos ao que for acontecendo nos próximos dias.

Por fim, expressamos a nossa máxima solidariedade com os companheiros que estão a sofrer os golpes repressivos que se estão a produzir, entendendo que a solidariedade não se deve ficar por palavras.




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Acerca do companheiro Mauri e da continuação da luta




O poder apenas teme aquilo que é irrecuperável. Uma pessoa caída numa acção como a que Mauri ia realizar é inconcebível nas entranhas da besta e dos seus defensores. Dado que apenas a destruição é capaz de pôr fim a este estado social vegetativo, é à destruição estratégica que aponta a desinformação, a mentira, a manipulação. Somente os actos irrecuperáveis se vêem distorcidos pelos meios de comunicação, os restantes difundem-se como verdades objectivas, ainda que interesseiros e incompletos, protegidos pela avalanche de informação parcial manipulada com o fim de criar um estado de opinião contrário à violência revolucionária. Este “colchão de segurança informativo” nega a necessidade da destruição do sistema, maquilha as suas partes negativas e favorece os “ataques” que não representam risco. Estes últimos, e a sua tolerância, criam a sensação de que todas as críticas são permitidas e de que a liberdade está na ordem do dia.

O círculo fecha-se em torno da dominação e protege uma paz sustentada pela guerra, pela pobreza e pela violência estatal e económica. Uma bomba contra a polícia significaria, para mentes não manipuladas, uma guerra social latente no sistema capitalista contra qualquer sistema de dominação seja de que cor for. Os bandos são, por um lado, os que mantêm a grande mentira de que o sistema não necessita de pobreza e sangue para se manter e, por outro, os que atacam e tratam de desencobrir tal mentira.

Aqueles que afirmam que a acção que Mauri ia levar a cabo supõe um método antiquado, não se deram conta de que este sistema está a durar demasiado num tempo que não lhe deveria pertencer.

O companheiro tratava de arrancar o manto de passividade criado, pretendia libertar nas pessoas o impulso inato da rebelião contra tudo aquilo que lhes pretende limitar a vida, ou seja, contra aqueles que delegaram os desejos e necessidades reais para escolhas de catálogo. Educação, imprensa, propaganda eleitoral e comercial, intelectuais castrados de forma ideológica... tudo cria um estado de opinião favorável a uma máquina de morte. É por isso que os actos fora dessas esferas e claramente subversivos assustam um poder incapaz de tornar público o que o pode realmente destruir.

Não basta a destruição para acabar com a dominação, mas todo o acto encaminhado para a construção de estruturas livres deve estar acompanhado do acto subversivo fora dos canais de recuperação.

Temos sinceras dúvidas de que Mauri estivesse a ter prazer no momento em que se dirigia para atacar a polícia com um engenho explosivo, mas também não têm prazer as crianças exploradas, nem as prostitutas forçadas, nem o operário que não chega ao final do mês, nem o secretário aborrecido, nem os imigrantes mortos afogados, etc. O nosso compromisso com a libertação passa por nos darmos conta de que não podemos acabar com o sistema no seu meio, mas apenas com uma luta incessante em todas as frentes.

Gozemos sem restrições dos espaços libertados, das relações não viciadas pelos seus esquemas, do não usar as pessoas como mercadorias, do fim da hipocrisia nas nossas amizades... mas não esqueçamos a outra parte, a parte do ataque, da tensão, do risco, da guerra social. Convidamos todos aqueles que não estejam a lutar a que se organizem autonomamente e passem à acção; e aos que já o fazem, que continuem a luta pela destruição do que nos transforma em escravos e pela criação do que nos fará livres. Um abraço muito forte e sentido a familiares, amigos e companheiros de luta de Mauri.

Que as lágrimas não apaguem o fogo.

Miguel Garrido

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